Paula Souto – jornalista e pós-graduanda em letras,
gramática e discurso
Em diversos
lugares do mundo se espalham os aerogeradores, espécies de grandes ventiladores
capazes de gerar milhões de quilowates, e de abastecer cidades inteiras,
causando baixos impactos ambientais. Chamada de energia eólica (derivada dos
ventos), este tipo de energia é uma tendência mundial, por ser considerada
limpa e renovável e deveria ser muito bem vinda onde se instala, e se nada
disto valesse, ainda contaria muito o retorno financeiro que ela traz. São
milhões e milhões repassados para as prefeituras.
Mas uma sucessão
de erros, que começou com o Governo Federal, por volta de 1997 (não tenho
absoluta certeza da data), quando deixou de explicar o que iria acontecer a
partir do momento que foram autorizadas concessões dando direito de uso para a
instalação das eólicas em qualquer parte do país, seguido pela falta de informação,
por parte de diversos segmentos, entre eles as próprias assessorias destas
empresas que poderiam estar preparando as comunidades antes de chegar. E os
órgãos estaduais também não ajudaram em nada. “Tudo continuou às escuras”.
Foram muitos anos
de desinformação, sem que a comunidade pudesse opinar. Seria importante se
alguém pudesse me dizer. Antes de chegar ou até mesmo antes das licenças serem
autorizadas, foram feitas audiências públicas? O Ministério Público se envolveu
nestas discussões? E como os institutos federais e estaduais contribuíram?
Existiram campanhas explicando o que é energia eólica? Por que ela é tão
importante? Qual é o retorno que teremos com a sua instalação? Como, quando e
porque elas deveriam ser instaladas naquele lugar e não em outro?
Mas até agora
nenhuma destas questões foram respondidas e por causa disto quando os
aerogeradores começaram a mudar a paisagem do Brasil, há alguns anos e, mais,
recentemente, no Rio Grande do Norte, ao invés de ser bem vindos, a comunidade
reagiu contra, criando um mal estar de todos os lados. Como não sou estudiosa
do assunto, nem tenho dados estatísticos, vou citar apenas alguns municípios
onde tive a oportunidade de ver que eólicas já estão em pleno funcionamento:
Touros, Guamaré, João Câmara e se eu não me engano Macau, apenas no litoral
Norte de nosso estado.
E a “coisa
promete esquentar” ainda mais. Há alguns dias, diversos segmentos,
representantes do turismo, do comércio, bugueiros, barqueiros e nativos da
pequena comunidade de Galinhos tentaram chamar a atenção, pela segunda vez, com
um abraço simbólico no local onde desejam instalar um dos parques eólicos. Por
se tratar de um assunto de extrema importância uma equipe de televisão da
IntertvCabugi, de Natal, acompanhou tudo e divulgou no telejornal.
Quero deixar bem
claro. Não sou a favor nem de A, nem de B, nem de C, não tenho a intenção de
ser nem contra nem a favor de nada. O que eu quero dizer aqui é que já se passou
muito tempo e que já está mais do que na hora deste assunto ser tratado com
mais seriedade por todos os órgãos e pelas autoridades.
Não interessa, que no caso de Galinhos, trate-se de
uma área particular, ou como em outros se instalem próximo a mangues, rios ou
lagoas. A empresa chega, a construção está decidida e pronto, e depois o que acontecerá
caso se concretize a destruição de áreas ambientais importantíssimas? Com quem
vai ficar o prejuízo? E, no final de contas, o que as comunidades ganharão?
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