terça-feira, 26 de junho de 2012

Para passar um dia de sol em Galos é preciso ter muita determinação e vontade



  
Deveria ser mais um dia qualquer. Um sábado de sol, de praia e de descanso, mas desde que cheguei a Galinhos, no litoral Norte do estado do Rio Grande do Norte, nenhum dia foi igual ao outro. Diariamente tenho sido surpreendida com dificuldades de todos os lados e escutando sempre a seguinte frase: “aqui cada um é por si”. E mais difícil ainda são as relações com as pessoas. Ao mesmo tempo que surgem todos os dias novas amizades, outras vão ficando pelo caminho, por grandes motivos ou por outros bem pequenos. Algumas vezes ficamos até sem saber o porquê ou se eram, realmente, verdadeiras estas amizades.
Mas, por diversos motivos, este dia foi bem diferente. Foi um dia que começou ruim mas conseguimos dar a volta por cima, e graças a nossa coragem e determinação alcançamos o nosso objetivo e no final deu tudo certo. Mas não foi nada fácil vencer mais esta barreira. A nossa ideia era bem simples: acompanhar os preparativos para a tradicional festa da padroeira, em Galos (distrito de Galinhos) e de quebra, quem sabe, conseguirmos comer um xaréu bem fresquinho. No final das contas conseguimos chegar e depois de muita luta conseguimos retornar a Galinhos. Mas quero registrar aqui a minha indignação.
Os problemas começaram bem antes de decidirmos irmos para Galos. Uma mistura de desorganização com má gestão dos políticos. Por causa de uma prisão de dois homens no dia anterior e a suspeita de que outros dois poderiam aparecer por aqui, a agência dos Correios (BB) e a lotérica fecharam as portas (não existiu nenhum comunicado oficial, mas acredito que este seria um bom motivo para eles não estarem funcionando).
Com pouco dinheiro no bolso, decidimos ir mesmo assim, já que deveria existir um barco pago pela Prefeitura entre Galinhos e Galos de duas em duas horas e pela nossa previsão teria um por volta das 11h. Mas estávamos redondamente enganados. O barco não apareceu e depois de passar mais de uma hora no ancoradouro de Galinhos, eu e meu amigo Alexandre descobrimos que não existia nenhum tipo de fiscalização sobre este serviço, ou muito menos algum tipo de explicação para as pessoas que se amontoavam próximas aos barcos buscando o mesmo objetivo que nós.
O pior de tudo, é que mais uma vez, descobrimos que somente algumas poucas pessoas, ligadas aos políticos que estão no poder, são beneficiadas. Bastou uma ligação e, em poucos minutos, um veículo estava à disposição para levar um grupo a Galos. Aos outros só restou tirar do bolso (quando se tem é ótimo) e pagar caro por um serviço que deveria ser oferecido pelo poder público. Juntou o descaso, com a falta de compromisso com a comunidade e o desconhecimento. Sem ninguém para dizer o que é certo ou errado a população fica mais uma vez a mercê.
Já, nós, que pagamos nossas contas em dia e andamos sempre com alguns poucos trocados só conseguimos chegar em Galos depois de mais de 40 minutos de caminhada, margeando o rio. Foi bom porque consegui fazer umas bonitas fotos e também consegui me acalmar. Graças a nossa coragem conseguimos vencer um grande obstáculo, mas não foi nada fácil.