Deveria ser mais
um dia qualquer. Um sábado de sol, de praia e de descanso, mas desde que
cheguei a Galinhos, no litoral Norte do estado do Rio Grande do Norte, nenhum
dia foi igual ao outro. Diariamente tenho sido surpreendida com dificuldades de
todos os lados e escutando sempre a seguinte frase: “aqui cada um é por si”. E
mais difícil ainda são as relações com as pessoas. Ao mesmo tempo que surgem
todos os dias novas amizades, outras vão ficando pelo caminho, por grandes
motivos ou por outros bem pequenos. Algumas vezes ficamos até sem saber o
porquê ou se eram, realmente, verdadeiras estas amizades.
Mas, por
diversos motivos, este dia foi bem diferente. Foi um dia que começou ruim mas
conseguimos dar a volta por cima, e graças a nossa coragem e determinação alcançamos
o nosso objetivo e no final deu tudo certo. Mas não foi nada fácil vencer mais
esta barreira. A nossa ideia era bem simples: acompanhar os preparativos para a
tradicional festa da padroeira, em Galos (distrito de Galinhos) e de quebra,
quem sabe, conseguirmos comer um xaréu bem fresquinho. No final das contas
conseguimos chegar e depois de muita luta conseguimos retornar a Galinhos. Mas
quero registrar aqui a minha indignação.
Os problemas
começaram bem antes de decidirmos irmos para Galos. Uma mistura de desorganização
com má gestão dos políticos. Por causa de uma prisão de dois homens no dia anterior
e a suspeita de que outros dois poderiam aparecer por aqui, a agência dos
Correios (BB) e a lotérica fecharam as portas (não existiu nenhum comunicado
oficial, mas acredito que este seria um bom motivo para eles não estarem
funcionando).
Com pouco
dinheiro no bolso, decidimos ir mesmo assim, já que deveria existir um barco pago
pela Prefeitura entre Galinhos e Galos de duas em duas horas e pela nossa
previsão teria um por volta das 11h. Mas estávamos redondamente enganados. O
barco não apareceu e depois de passar mais de uma hora no ancoradouro de
Galinhos, eu e meu amigo Alexandre descobrimos que não existia nenhum tipo de
fiscalização sobre este serviço, ou muito menos algum tipo de explicação para
as pessoas que se amontoavam próximas aos barcos buscando o mesmo objetivo que
nós.
O pior de
tudo, é que mais uma vez, descobrimos que somente algumas poucas pessoas,
ligadas aos políticos que estão no poder, são beneficiadas. Bastou uma ligação
e, em poucos minutos, um veículo estava à disposição para levar um grupo a
Galos. Aos outros só restou tirar do bolso (quando se tem é ótimo) e pagar caro
por um serviço que deveria ser oferecido pelo poder público. Juntou o descaso, com
a falta de compromisso com a comunidade e o desconhecimento. Sem ninguém para
dizer o que é certo ou errado a população fica mais uma vez a mercê.
Já, nós, que
pagamos nossas contas em dia e andamos sempre com alguns poucos trocados só
conseguimos chegar em Galos depois de mais de 40 minutos de caminhada,
margeando o rio. Foi bom porque consegui fazer umas bonitas fotos e também
consegui me acalmar. Graças a nossa coragem conseguimos vencer um grande
obstáculo, mas não foi nada fácil.
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